sexta-feira, 30 de julho de 2010

O Assaltante Bonzinho

Há algum tempo fui assaltado, sorte que peguei um ladrão muito gente boa. Sério nem todo ladrão é filho da puta.


Vou lhes contar como isso aconteceu:

Tô eu lá na madrugada, andando pelo centro de Belo Horizonte, indo pro ponto de ônibus pegar o 3503 e voltar pra minha casinha.
Chegando na esquina da avenida Afonso Pena com Espírito Santo, pelo que me lembre acho que era essa esquina mesmo (se não for, foda-se também), me surge do nada um mano na frente e fala "aí playboy, sou de paz. Me passa o celular aí e o dinheiro que cê tem na carteira que fica tudo certo." Porra, não sei o que é pior, ser assaltado ou ser chamado de playboy.
Mas aí tá, dei aquela merda de celular velho e peguei meus últimos três reais e passei pro cara também.

Nisso eu já pensei comigo "tomar no cu, cumé que eu vou embora agora?" Acho que sei lá, Deus fez um milagre e parece que o sujeito leu a minha mente, ficou com muita dó de mim e falou "ô brother, pega seu chip e sua bateria (???), só quero o aparelho" (e eu que achava que a bateria valesse mais que quaquer coisa no celular).
Mas o cara viu que eu continuava com uma cara de desapontado e falou "aí, mano... cê tem dinheiro pra voltar pra casa?" falei que não, que ele tava levando meus últimos reais embora e que eu morava meio longe, né? Sem condições de ir a pé.
Aí foi fantástico, o cara falou o seguinte "então vamo fazer uma coisa: eu fico com seu dinheiro e eu te dou meu cartão de ônibus, tá beleza?". Opaaa "brigadão, pô". Peguei o cartão do cara e saí felizão da vida.

Já tava até assoviando quando acho que bateu um sentimento no cara de ter sido trapaceado e ele gritou "Ô SANGUEE BOMM, PERA AÊ!" Aí ele chegou perto de mim e disse que fez umas contas ali rapidamente e no final da brincadeira tinha ficado no prejuízo. Afinal, segundo ele, o cartão de ônibus que havia me passado tinha uns 5 reais, e que aquela carcaça de celular num valia nem um real direito. De modo que ele se sentiu prejudicado.
Aí ele falou um negócio muito engraçado "ô companheiro, você há de convir que não fica nem bem, né? Um cara vai assaltar o outro e acaba perdendo dinheiro. Isso tá errado. Que que os trutas aqui da região vão pensar de mim? Faz o seguinte, passa pelo menos esse tênis ou o relógio aí, jow"

Na boa, eu até entendi a situação do cara, ele não tava errado. Mas falei com ele que o tênis não rolava de dar, não ia ficar pisando nas ruas imundas desse centro descalço. Num tava afim de perder meu pé. E também num tava querendo ficar sem meu relógio nem fudendo, aleguei que era presente da minha vó, e presente de vó era sagrado, se ele me roubasse aquilo Deus ia castigar ele. O cara concordou com isso.
No final das contas, eu quis dar minha meia pra ele "MASSS MEIAAA?!?! Cê tá tirando a favela, hein, mano?" Como assim, que que esse cara tá achando? Minhas meias são 100% algodão. Fofinhas e quentinhas. Vai se fuder!

Aí a gente ficou naquele impasse. Ele querendo meu tênis, e eu querendo dar só a meia. Sugeri tirar até um par ou ímpar, tava com pressa, se perdesse o ônibus só daqui uma hora, no mínimo. O cara resolveu finalmente a questão. Falou assim "porra, já que cê tá nessa viadagem de não por seu pezinho de moça no chão, me dá meu cartão de ônibus de volta, que eu devolvo seus três reais procê pegar essa merda de ônibus."

e assim foi feito. Acordo firmado e cada um pro seu lado.
O pior foi o que o cara me falou na hora que eu tava indo embora "porra, mano, cê já pensou entrar nessa vida também? Tô vendo que a sua situação tá pior que a minha."

Pois é... é com essa que me despeço desejando um bom começo de final de semana a todos.
(Que frase!)





terça-feira, 27 de julho de 2010

É Uma Ciladaa, Binoo!

Porra... saudades de postar por aqui (que gay, né?). Como eu disse passei um tempo aí viajando com meu pai, por isso estaria meio ausente.

Ia até por uma foto minha dirigindo carreta, mas a merda do cabo da câmera simplesmente criou asas e voou. Então vai ser essa foto do Bino mesmo, já que eu tava me sentindo o próprio, ainda mais que eu tava usando uma boina.


Okay, eu sabia que essa viagem ia render pelo menos uma história pra contar, já falei sobre meu pai e a carreta dele, lembram? Se você acompanha o blog sabe do que eu tô falando.

Bem, partimos pra nossa aventura no Domingo passado com destino a pacata Janaúba, com escala na gloriosa Curvelo . Uau! Que roteiro! De ínicio você já pensa "que merda, hein?!". Pois é, que merda. Foi o mesmo que eu pensei.
Ahh... antes que me esqueça, a carreta estava carregada de postes para o programa "Luz para Todos" do governo estadual. Meu pai ajudando Minas Gerais a crescer (ou não).

Fora o fato do meu pai ficar soltando umas bifas cabulosas dentro da carreta e vir falar com a cara mais lavada de todas "malz aê, tô com intestino meio ruim", tava tudo indo bem. Porque ele nem precisava comentar que o sistema digestivo (ou digestório, se prefirir) não tava 100% legal, porque funcionando beleza eu sei que não tava. Aliás, a quilômetros se notava isso. Mas como disse, no geral as coisas caminhavam na mais perfeita ordem durante a viagem.

Mas como nada na minha vida pode ser muito certo, logo as cagadas começaram a aparecer. Chegando em Curvelo, perto das 11 da noite, resolvemos pedir informação pra achar a firma que iríamos deixar os benditos postes.
Meu pai vê uma "moça" pela rua e pergunta se ela sabe onde é o lugar, uma tal de empresa ETEC. Quando a gatinha chega perto e abre a boca, parece que saiu o Júnior Baiano de dentro dela "oiiii, gatão, querendo curtir a noite?" Sim, era um travecão querendo fazer o meu pai.
Ele explicou que não era nada daquilo, né? Tava lá só levando uns postes e blá blá blá. Mas o traveco não tirava o olho dele, até que ela (ele, sei lá) falou "Zé Aristides, que que ocê tá fazendo aqui diabo? Saudades docê! Me dá um beijo aqui." E já tentou dar um gogó no meu pai, sorte que a bitoca não encaixou.
Hum... ainda bem que o nome do meu pai não é Zé Aristides, se o traveco acerta o nome dele eu juro que desço e volto andando 200km a pé pra minha casa.

Pois bem, depois do incidente, continuamos o caminho, e combinamos que só iríamos pedir informação pra uma pessoa normal. Andamos, andamos até encontrar um cara que aparentemente não ia fazer nenhuma loucura.
Todo simpático cheguei lá e falei "opaa, gente boa, beleza? Aqui, cumé que eu faço pra ir na empresa ETEC, hein?" E o cara respondeu "hum-hum" QUEE?? Como assim? Tudo que eu falava o cara falava "hum-hum". Porra, tava achando que o filho da puta tava fazendo mó hora com a minha cara, tô lá quase descendo da carreta e tirando satisfação com o sujeito, ainda mais que vi que ele tava com uma long neck de Skol na mão e tava com o andar meio cambaleante. Mas aí finalmente percebi que o cara era mudo. Puta que pariu.

Qual é a chance de você tá numa cidade pequena, as 11 da noite e pedir informação pra um traveco que acha que te conhece e depois pra um cara mudo meio bêbado? Só comigo mesmo.
Depois disso a gente decidiu ir no instinto, num iríamos pedir ajuda pra mais ninguém. Oh yeah! Conclusão: ficamos andando em círculos e só achamos a bosta do lugar depois de meia-noite.

Fomos dormir então. Pra quem não sabe, carretas têm cama, dorme-se lá mesmo. Mas acontece que tem somente uma caminha, pra dormir uma pessoa, ou um casal. Eu não ia deitar com o meu pai no meu cangote, né? O coitado aqui teve que dormir no chão. entre os bancos, a marcha e o painel. Tive que ficar todo dobrado. Caralho, acordei todo moído, se eu tivesse dormido em pé, encostado numa parede ia ser mais confortável.

No dia seguinte fomos pra Janaúba. Que maravilha! A Cidade das Bicicletas. Realmente, tem mais bicicleta que gente lá. Meu pai foi lá descarregar o resto dos postes (alguns ficaram em Curvelo) e pediu pra mim ir no Banco Itaú tirar um money. Hum... perguntei pros nativos onde ficava o banco, me informaram bem e talz, mas falaram que tinha que pegar busão, porque era longe pra caralho.
Ignorei os conselhos e resolvi ir caminhando mesmo, olha que estupidez. Pensei "cidade pequena, rapidinho eu tô lá, devo andar no máximo 15 minutos", que inocência a minha. A porra do banco era longe, longe, mas muito longe mesmo. Mas pra mim era questão de honra chegar por meus próprios pés. E assim foi. Na verdade não cheguei só com a força das pernas, no final tava usando até as mãos pra rastejar, mas o importante é que eu cheguei.
Fui lá, tirei a graninha e já tava decidido a voltar de moto táxi. Mas aí tava atravessando a rua distraídamente, quando veio do inferno um cara com uma das 20 mil bicicletas existentes na cidade e PÁ, fui jogado pro alto. Puta merda. Acertou bonito a minha coluna, achei que não ia conseguir levantar nunca mais.
O lado bom foi que voltei o caminho todo de ambulância. ÊÊÊÊÊ !!!
Meu pai, claro, não mostrou nenhuma pena, só disse "como você é pateta, menino. Nem parece que é meu filho." Apoio familiar é algo muito importante.

Voltando pra estrada, já era de noite, fomos em direção a João Pinheiro. Meu pai já tava cansado e queria que eu dirigisse. Que folgado. Aí ele começou a querer brincar "liga a luz alta, desliga a luz alta... liga a luz alta, deliga a luz alta..." E assim foi o tempo todo, até num momento que não quis sair da luz alta nunca mais. Caralho, e agora? Fiquei jogando luz alta na cara de todo mundo até achar um posto. Como não ia achar eletricista mesmo, a gente resolveu jantar e dormir por lá mesmo.

Opaa, janta... fui lá jantar e ver TV no restaurante do posto, como meu pai tava morrendo, foi dormir. Tava lá vendo um X-Men, com pena do Professor Xavier, essas coisas legais. Até que surge um cara e fala comigo "tá vendo isso aí? X-Men! Sabe o que é isso? O futuro! Você pode achar que eu sou maluco, mas já tá acontecendo. O futuro nosso é ser mutate." PARA TUDOO, CALMA AÊ! Que história é essa?? Daqui a pouco então vão surgir umas garras de metal no meu braço? Vou sair por aí cuspindo fogo e gelo nos outros? Eu, hein!?
E o cara não parava, depois ele completou "pode olhar. A Alemanha já tá aí de novo, segunda potência mundial. Igual a esse Magneto que é o segundo mutante mais forte." ??????????? Carai, eu num tava entendendo mais nada do que aquele cara tava falando. Assisti o resto do filme calado e saí vazado pro meu lar.

O resto do outro dia foi quase normal, Só tiveram dois momentos tensos. O primeiro foi meu pai me acordando pra ver a travessia do rio São Francisco. Porra, vai se fuder. Tava morrendo de sono, foda-se o rio São Francisco, num tô afim de ver água.
O outro momento ruim aconteceu na hora do almoço. O dono do restaurante cismou que queria que eu casasse com a filha dele e trouxesse ela pra morar comigo em Belo Horizonte. Pfff...

A noite fui dormir numa cidade que chama Urucuia (Urucaia, Araucária, um negócio assim, num lembro direito. Foda-se também). Como a cidade era bem pequena e aparentemente tranquila, meu pai falou assim "pega seu colchão e vai dormir lá naquela varanda da secretária do posto." Pensei "que merda que meu pai tá falando?" Mas fui lá, né?! Dormir no relento. Achei que jamais teria que dormir na rua se eu e meus pais tivessem emprego, pelo visto estava enganado.
Lá no posto tinha um outro caminhão cheio de cara dormindo em cima, olhei aquilo ali sem dar importância e fui lá arrumar meu cafofo na varandinha.

Aí foi o pior, tava lá dormindo até babando no meu travesseiro, quando alguém me cutuca (me chuta na verdade) no meio da noite, acordei todo lesado tentando entender aquilo tudo. Com o olho todo cheio de remela vejo alguém estender a mão pra mim e falar "vamo embora, companheiro. A luta continua". Pensei "porra, devo tá sonhando. Que que tá acontecendo?" Mas infelizmente já tava bem acordado, não era sonho.
O sujeito continuou "Vamo, já são 4:30 da manhã, o caminhão já tá partindo", respondi "cara, eu nem te conheço, deixa eu dormir." Nisso o maluco falou "uai, cê num tá com os bóia-fria não?".
Aahhh... TOMAR NO CU! O cara tá doidão?! Olha a minha cara de bóia-fria. Na verdade eu tenho uma cara de trabalhador rural. Mas porra, que palhaçada é essa? Hunf!

No raiar do dia, acordando de verdade, fomos pra grande aventura da viagem, 80km de estrada de terra até chegar em... PINTÓPOLIS! É isso aí! Pintópolis. Que beleza! Pintópolis é um lugar longe. Fato. Não direi que é um lugar onde Judas perdeu as botas, porque ele com certeza não perdeu nada lá, simplesmente ele nunca foi nesse lugar. Judas não é bobo como eu pra ir em Pintópolis.
Pior que eu passei o dia inteiro na cidade e nenhum morador foi com a minha cara, só porque eu errava o nome da merda do lugar toda hora, chamava de Pintolândia, Penislândia, Caralhópolis, enfim... só não falava o nome certo.
Sabe o que Pintópolis tem de legal? Absolutamente nada! Tem um Cristo Redendor e mato pra todos os lados, tirando isso tem uma sorveteria e uma lan house onde a galera antenada se encontra e uma casa de forró pro povo farrear nos fins de semana. E só, isso é tudo!
Na volta de Pintópolis para regressar à João Pinheiro foi ainda pior, na ida demoramos três horas pra percorrer 80km de terra pra chegar até lá, na volta demoramos longas QUATRO HORAS pra andar os mesmos 80km. Isso porque nesse tipo de estrada a carreta quando tá vazia é mais instável e tem que andar a 20km/h. Que bacana!

Paramos numa cidade que se chama Riachinho pra ver o jogo do Galão. Que bom que o Atlético pelo menos me diverte e sempre garante placares adversos, ao contrário do Cruzeiro que não tem me dado alegria nenhuma ultimamente. Mas felicidade mesmo foi o preço da cerveja: 2,50 Skol e Brahma, hahaha tem uns cincos anos que não vejo cerveja desse preço.
Depois do jogo, pé na estrada outra vez. Meu pai foi dirigindo, já que eu bebi, afinal somos pelo menos um pouco conscientes. Passamos em uns lugares misteriosos pra chegar em João pinheiro, pra evitar blitz. Meu pai é tipo eu, odeia ver polícia. Não sei porque, mas temos um certo complexo de agir tipo bandido quando o negócio envolve a Polícia Rodoviária.

No dia seguinte fui tomar café no mesmo restaurante no qual o dono queria me casar com a filha. E ele veio me encher com essa história de novo. Puta cara chato, tive que falar que já era casado e pai de 2 meninos pra ele me deixar quieto. Que papo mais bravo.

Já tava cansado, tinha andado por terras distantes, que não tinham porra nenhuma de legal pra fazer. E pro meu desespero meu pai arrumou uma carga pra Montes Claros, totalmente no sentido oposto de BH.
Decidi que já era hora de voltar pra casa. O fato é que eu não queria e nem podia ficar mais naquela vida. Tinha que voltar pra a fazer matrícula do semestre pra continuar tendo o direito de frequentar a minha faculdade. Aiai.

Como sou pão-duro e não curto essa parada de gastar dinheiro, ao invés de pegar um ônibus, pedi carona pra um carreteiro conhecido do meu pai que ia vir pra Belo Horizonte. Como sou malandro.
O foda é que o cara era fã de sertanejo. Então voltei vendo os DVDs do Bruno e Marrone, um tal de Marcelinho de Lima e Camargo que eu nem sabia que existia, tinha também Ví(c)tor e Léo , Jorge e Matheus.
Como foram 7 horas de viagem, porque o corno toda hora parava na estrada pra bater papo com outros viadinhos que não tinham nada pra fazer, escutei também o DVD desse tal de Luan Santana só três vezes. Caralho!
E o cara dirigia pra dar emoção ao passageiro. Era cada golpe cabuloso que comecei até a escrever meu testamento. "Bem... minhas figurinhas do Pokemón vão pro meu primo Joaquim. Meu meião laranja fica com meu pai. Humm... acho que não tenho mais nada de valioso."

E já tá bom. Cheguei em casa vivo. Isso que importa. Esse post já tá muito grande. Se lembrar de mais algum ocorrido conto depois.
Foi bom "rever" vocês.

Adeus!

domingo, 18 de julho de 2010

Pulando o Muro de Casa

Antes de tudo, provavelmente passarei essa semana meio ausente (foda-se, né?), amanhã devo viajar com o meu pai e sabe-se lá se nessa porra de buraco que eu vou existe internet.

Nunca pule o muro da sua casa. Sério. Em certos momentos essa é a pior coisa a se fazer. prefira dormir na rua.
Tenho uma experiência muito traumática fazendo isso.

Num belo dia (quer dizer, numa bela noite) cheguei em casa morto de cansado, como sempre. Fiz aquele ritual de sair do carro e ir lá abrir a porta, já que pobre não tem portão eletrônico mesmo.
Na hora que eu olho o chaveiro CADÊ A PORRA DA CHAVE?? Puta que o pariu. Quem foi o estúpido que tirou a chave do lugar dela?

O quê me restou fazer foi bater no portão (leia-se espancar o portão) até a morte. Me esgoelei por duas horas e nada. Como bem em frente tem um telefone público, liguei pra minha casa, pro celular da minha mãe, pro celular do meu pai e novamente não consegui falar com ninguém. Tava desesperado já, só não liguei pro celular da minha irmã também porque não tenho a menor idéia de qual seja o número. Droga.

Já tava até achando que tinha passado uma nave espacial por ali e abduzido a minha família toda.
Fiquei mais uns 20 minutos sentado na porta esperando um duende verde trazer uma chave nova pra mim, como ele não veio pensei "é, não vai ter jeito... vou ter que pular o muro dessa merda." Ê le-rê. Que beleza, hein?
E lá foi o Lucas por em prática todos os anos de experiência em escalar muros pra pegar bolas nos quintais dos vizinhos chatos que não gostam de devolver as mesmas.

Mas acontece que não tenho mais a habilidade que outrora tive na juventude. Minhas primeiras tentativas de subida foram bis(z)onhas, não consegui sair nem 30cm do chão.

Diante de tantas frustrações lembrei que dava pra cair no meu terreiro pelo lado do vizinho. Era só por o pé no banco que tem na porta dele, subir no medidor, dali dar um pulo pra divisa, depois ir pra parte mais baixa do paredão, saltar dando um mortal por cima do pé-de-acerola, fazer o rolamento e correr pro abraço. Perfeito!

Tudo no esquema, mas na hora que fui por meu plano em prática tudo começou a ir pros ares. Foi só botar meu pezinho na grade do vizinho que brotou a porra dum cachorro gigante, que eu nunca tinha visto na minha vida, que parecia um urso furioso porque alguém tinha roubado o mel dele.
Caralho! De onde saiu esse monstro?

Aí eu tive uma idéia genial (outra). "Vou pegar o pacote de biscoito Aymoré que sobrou do meu lanchinho e jogar pra esse demônio. Afinal, antes dar meu lanche do que ser o lanche dessa porra." Ahhh... como sou malandrão.
Peguei o biscoito e fiquei lá igual à um idiota com o bicho "quer um bisoitinho bilu-bilu? Vem aqui que o papai te dá, neném. Gracinha... Pega lá, vai. Pega lá no inferno, seu filho da puta" e joguei o bagulho lá no fundo do terreiro. O cão das trevas foi correndo alucinado atrás do pacote e eu já comecei a subir o muro loucamente, porque quando o cachorro pegasse o pacote ia detonar tudo numa dentada só, e logo ia vir atrás de mim de novo com a sua fúria mortal.

Já tava quase no topo do mundo quando escuto uma voz intimidadora "OWWWWW, que que ocê tá fazendo aí, seu ladrão??" Olhei pra trás e tá lá meu vizinho com uma ESPINGARDA na mão. Só deu tempo de gritar "sou euuu, não atira nãããoo, Seu Perisson (nome do vizinho), ahhh" e PÁ !Caí do medidor da casa dele, um capote de uns dois metros.
Não deu tempo nem de sentir dor, porque o cachorro do demo já veio correndo, só gritei "ai, meu Deus, esse cachorro vai comer minha cabeça. Adeus, mundo cruel!" Aí o Seu Perisson falou "deixa de onda, menino. A DOCINHO é mansinha". Nisso o cão (que nessa altura descobri que era cadela) começou a me lamber. Nesse tempo todo descobri que tava com medinho de uma mulher. De uma mulher carinhosa, diga-se de passagem. Ah, já ia me esquecendo, a 'espingarda' do Seu Perisson era só uma vassoura que ele tinha na mão. Bem que desconfiei que aquele homem era pacífico demais pra andar armado por aí.

É, né? Depois dessa eu não ia mais ter a cara-de-pau de pular o muro do sujeito. Tentei de outras mil maneiras diferentes e fui acumulando fracassos sucessivos.
De tanto tentar e tomar no cu, tive uma outra mega idéia fenomenal (já viu, né?). "Vou colocar o carro aqui perto do muro e uso ela pra subir, vou amassar a lataria toda, mas foda-se, né? Tudo que quero agora é entrar na minha casa."

Dito e feito. Subi no carro e meu coração tava até sangrando com o barulho do meu pé fudendo com a lataria.
Novamente quando eu tava lá, quase celebrando a vitória, escuto uma sirene de carro de polícia. Olhei pro céu e falei "cê tá de zuação comigo, né, mano? Cê tá de sacanagem, dotô. Deve tá dando até pirueta de rir aí em cima". Simplesmente é muito azar pra uma pessoa só.

Não preciso nem dizer que a viatura obviamente parou. O cara já veio com toda sua delicadeza puxar um papinho com este que vos fala "que que tá acontecendo aí, cidadão?" não aguentei e murmurei um 'vai tomar no centro do cu, porra', o policial "O QUÊÊÊ?!?! TÁ DOIDOO?!?!" Respondi o seguinte "não é com o senhor não, é tomar no meu cu mesmo". Aiai...

Até eu explicar tudo, falar que morava ali e blá, blá, blá, foi mais uns 30 minutos. Claros que os policiais custaram a se convencer que a minha história fosse verídica. Nisso já erra meia-noite, já era pra eu estar na minha cama dormindo há pelo menos duas horas atrás.
Bom, o importante é que os caras foram embora e desistiram de me prender. Apesar de terem me dado mó sermão, falaram que de certa forma eu estava ensinando bandido a entrar na minha casa. Não que eles estivessem errados, mas nessa hora eu tava pouco me fudendo pro quê eles pensavam ou deixavam de pensar.

Voltei pro meu plano, dessa vez sem ninguém me atrapalhar.
Tudo indo bonito, mas na hora de passar por cima do portão e subir no medidor de luz, eu agarrei a porra do meu pé na grade e despenquei de uma altura de 2,5 a 3 metros. Fui levando tudo comigo; telha, fio, pedaço de medidor e mais o que tivesse na frente.

E dessa vez eu machuquei mesmo. Fiquei estatelado lá no chão achando que não ia andar nunca mais.
Pra eu ficar mais puto da vida ainda uns 30 SEGUNDOS depois do meu tombo cinematográfico, ouço um barulho de carro encostando na porta. Sim, ERA A MINHA FAMÍLIA voltando de uma festa em plena segunda-feira brava.

Acabei passando a noite no hospital com a minha mãe reclamando que só dou trabalho e falando que eu ia ter que pagar pela minha cagada e me deu até o endereço da loja que vende as telhas novas pra consertar a merda que eu fiz.

Puta vida injusta.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Fofoquinhas pras Menininhas (ou Menininhos, vai saber...)

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terça-feira, 13 de julho de 2010

JABUULAANNI (Parte 2) e Polvo Paul

AHHHHH.... YES I'M BACK, I'M BACK IN BLACK!!


Antes de tudo, essa deve ser a última postagem com esse lay-outzinho (feio), em breve teremos um novo todo bonitão (ou não), feito pelo Dr. Gabriel Cayres, já que eu não entendo porra nenhuma de ferramentas, design e nem nada de computador mesmo!
Enquanto isso, vamos ao que interessa (ou não, de novo).

A Copa do Mundo chega ao fim. E com ela grande parte da minha alegria... Apesar dos pesares foi um mês e tanto.
Acabaram-se as vuvuzelas, bolões, dias de jogos, etc... (vou ali chorar um pouco, depois termino o post)

E quem foi a estrela dessa bosta? Paul, el polvito espérton. Primeiro o polvo, claro, depois esse tal de Diego Forlán! Parabéns aos dois.
Eu também fiquei impressionado com esse bicho, e achei até engraçadinho. Mas na moral, quem teve a brilhante idéia te pensar em usar ele como o adivinha placares? "Hum... deixa eu ver. Como não sei porra nenhuma de futebol vou por esse polvo pra me ajudar no bolão, a tigelinha (ou tijelinha, já falei que não sei Português) de comida que ele comer vai ser essa aí mesmo. Vamo lá, meu polvo (haha, sacou o trocadilho), tudo nosso!"
Parece que tinha um periquito em algum lugar do mundo que acertava placares também, fui confiar nele e botei Holanda como campeã mundial. Malditas aves, devia confiar só em animais aquáticos. Tsc, tsc...

Cara, vendo os jogos dessa Copa desenvolvi uma teoria que venho defendendo piamente. Se o Romário estivesse jogando (mesmo com 40 e sei lá quantos anos) ele seria artilheiro dessa merda com uns 17 gols.
Porra, não dá pra acreditar nos gols que os imbecis me perdem. Sempre que chegam na cara do sapo chutam pra cima, dão uma bica em cima do goleiro, isolam pra bandeirinha de escanteio. Puta que o Pariu.
Esses caras deviam ter uma palestra com o Baixinho antes do mundial com o tema: 150 MANEIRAS DE SE FAZER UM GOL, ESTANDO CARA-A-CARA COM O GOLEIRO. Quem sabe assim eles não iam ter um desempenho tão patético nessa Copa?

Mais do que o nível técnico ter caído vertiginosamente (que palavra chique, hein, rapaz?), acho que os senhores treinadores contribuíram muito para os jogos feios do evento.
Tipo aquele menino lá da França, o Raymond Domenech (Raimundo Domênico pros brasileiros). Caralho, esse francês viado tá me tirando, né? Anelka, Govou, Toulalan? Nem no São Bento de Sorocada, Madureira e América de Teófilo Otoni esses caras jogam. E pra fuder a bagaça toda, o demente nunca põe o Henry. Quanta ingratidão... já que no time da França ninguém tem mesmo a manha com o pé, tá aí o mano Thierry que é especialista com a mão. Dexa o home jogar, pô.

Os técnicos das seleções favoritas também se esforçaram muito pra perder. Tipo o Dunga, "ah... quer saber? o Brasil já tem cinco títulos mundiais. Sacanagem, né? Acho que vou por o Felipe Melo de titular e não convocar o Ronaldinho pra ver ser a gente perde." Porra, o Brasil tomando no cu pros laranjas, e agora? Ia por quem? Kléberson? Júlio Baptista? Aiai.
Ah.. para... O Felipe Melo era reserva do Augusto Recife no Cruzeiro (você sabe quem é Augusto Recife?). Se viesse jogar aqui no time do meu bairro (o famoso e temido Chama Chuva), ele não entrava não, fi. Já temos uns oito volantes melhores que ele na de fora esperando uma oportunidade.
(Só pra constar, juro que grande parte desse post, inclusive essa, estava pronta antes mesmo do fatídico Brasil e Holanda, esse jogo só serviu mesmo pra confirmar a grosseria do Felipinho.)

O Maradona também é outro louco psicopata. Deve ter pensado "hum... a gente tem o melhor time disparado, ainda por cima temos esse tal de Messi. Já sei! Não vou convocar o Zanetti, vou por na zaga Demichellis e Burdisso (pra que por o Samuel campeão da Liga? Vou fingir que ele tá machucado), já lanço logo o Jonas (Brothers) Gutierrez na lateral direita pra dar emoção. Acho melhor não levar o Cambiasso, vou chamar esse tal de Otamendi pra cair mais um tanto a qualidade. Pra acabar de fuder com tudo, convoco o Palermo também. Pronto, agora acho que acabei com nossas chances. Vamos equilibrar as coisas, né?"

Vocês repararam uma outra coisa diferente? Por que só tinha técnico branquelo treinando as seleções africanas? Por isso esses caras andam tão nervosos e batendo nos outros dentro de campo, errando penalti decisivo e outras cagadas.
Ter que ficar escutando ordens de um europeu abusado!? Tinha que ter dado merda mesmo. Tá aí o porquê do desempenho ridículo dos meninos da África.

E tomar no cu da Alemanha também, viu? Adora entregar a rapadura pra Espanha. Não dá pra entender nada. Mete 4 na Inglaterra, 4 na Argentina e me perde (sem ter nenhuma chance decente de gol, diga-se de passagem) pra Espanha (logo pra Espanha) com um gol de cabeça do... do... DO PUYOL??
Ah... vai se fuder! O Puyol tem 1 metro e meio, o cara que tava marcando ele tinha pelo menos uns 3 metros a mais. Que avacalhação é essa? Por que esse inútil não levantou um pouco o joelho e tirou a bola? Podia ter tomado gol pra Espanha de mil maneiras diferentes, mas numa cobrança de escanteio pro Puyol foi demais.

E a final? Holanda e Espanha disputando quem errava mais gols. Deu Holanda. Mas não foi por falta de tentativa do adversário... lutaram até o último minuto pra não fazer o gol.

Porra, o Robben errou dois gols que meu cachorro faria com a pata traseira canhota, e olha q ele é destro. Puta merda. Eu não sei o que que tava acontecendo com esse holandeses, parece que eles foram em Amsterdã, fumaram uma machonha e comeram um bolinho de haxixe antes do jogo. Meu Deus do céu, esses caras tavam numa leseira que tava dando até pena.
O Van Bommel e o De Jong por outro lado, tomaram um LSD. Só podiam tá tendo alucinação pros dois estarem loucos daquele jeito. Teve uma hora lá que o De Jong deu uma voadora no peito do coitado do Xabi Alonso. Que beleza!

Na boa, a última coisa que eu queria na minha vida era ver a Espanha campeã, o legal é que eu acho que a própria Espanha pensava a mesma coisa. "Ah... vamo ficar tocando essa bola aqui de um lado pro outro pra todo mundo achar que a gente joga bonito. Quando chegar na cara do gol dá um jeito de errar, hein?! Aí a gente começa tudo de novo."
E foi assim até o último chute, eles tentando errar o gol de todas as maneiras possíveis. Mas no final não teve jeito, o Iniesta mirou bem o goleiro pra bola bater nele e sair, mas acabou que passou embaixo do Stekelenburg (acho que é assim mesmo que escreve) e acabou o sonho do vice-campeonato.

E o juiz da final? Hahaha. A galera da Holanda lutando um Jiu Jitsu, a moçada espanhola apelando pro judô, o coro comendo solto mesmo e pro árbitro tudo normal, tudo limpo, tudo numa nice.
Esse cara deve ser dificiente visual pra não ver que a Holanda teve pelo menos cinco escanteios bem claros que ele deixou de marcar. Inclusive a jogada do gol da Espanha saiu depois de um lance que ele deixou de dar um escanteio mais óbvio do mundo pros holandeses.
"Caralho, essa porra desse juiz tá cego? Cumé que ele não viu que a bola não bateu nesse menino de azul?" By uma véia de 76 anos que tava vendo o jogo do meu lado.
Convenhamos, a rapaziada de laranja já tava ruim de bola, o juizão ainda não coopera. Fica foda, né?

Tudo culpa da porra desse polvo viadinho que ficou fazendo previsões que não deve. Tomara que vire uma Paella espanhola agora só pra deixar de ser otário. Hunf
E ainda por cima fudeu com o meu bolão, esse filho da puta.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Atropelando e Sendo Atropelado

Antes de tudo... a imagem tem pouco haver com o contexto da história, mas ela é bem engraçada, vai.


Você já atropelou alguém?
Se não, sorte sua. Se sim, sabe que é realmente uma bosta.

Cara, eu já pensei em fazer um post sobre minhas aventuras como motorista. Mas já aconteceu tanta coisa, mas tantaaa coisa, que decidi contar aos pouquinhos. Já contei sobre minhas multas suspeitas e sobre o (maldito, filho-da-puta, corno, viado) motoqueiro que graciosamente chutou meu retrovisor.

Era uma noite fria e chuvosa, já passava das 10:30 PM e eu lá voltando humildemente da faculdade pra casa, à bordo do meu Uninho branco, assoviando uma alegre canção.
Quando tô quase chegando ao meu destino, faço meu habitual procedimento de dar seta pra esquerda pra pegar a rua da minha casa e finalmente encontrar o aconchego do meu lar.
No momento que vou virar, me aparece na minha frente saído de sei lá da onde, brotado das profundezas mais profundas (????), um lunático montado em sua bicicleta.

Só deu tempo de pensar "fudeu, atropelei o doidão".
Obviamente não deu outra, joguei mesmo o cara pro alto.

Era impossível enxergar o sujeito. PRIMEIRAMENTE, era à noite. DEPOIS, tava chovendo. OUTRA, a roupa do cara era totalmente escura. MAIS OUTRA, a bicicleta do cara era preta. E PRA FUDER COM TODA MINHA VISÃO, o cara era da cor do Lázaro Ramos. Simplesmente não dava pra ver.
Eu tentei ao máximo pisar no freio pra pelo menos diminuir o impacto, mas foi inevitável o choque.. Só vi o cidadão voando. Puta que o pariu.

Nessa hora a primeira coisa que me passou pela cabeça foi fugir pro México, mas pensei melhor e parei o carro pra socorrer (que pessoa legal e nobre sou eu) a vítima.
O chegado tava lá aparentemente morto, jogado na vala do meio-fio. Comecei a suar "ai, meu Deus. Minha carteira é provisória. Ferrou! Caralho, que que eu faço? Será que alguém viu? Hum... acho que não. Vou por o corpo desse cara no porta-mala e vou jogar no rio. Pronto! É isso aí! Ninguém vai saber de nada. Sou muito malandro."

Nisso o brother, até então morto, começou a se mexer e cismou de ressuscitar. Pensei em dar uma bica na cabeça do moribundo pra matar ele de novo e voltar com o meu plano de ocultação de cadáver, mas olhei bem pra cara dele e pensei direito. Achei que ele merecia viver.
O maluco tinha mó jeito de ser gente boa, que tava lá voltando da longa jornada de trabalho e só queria ver a esposa e os filhos.
Resolvi então ajudar o acidentado (caramba, sou um rapaz bom mesmo). Ajudei ele a sentar e pus a bike de pé. Depois fiquei lá falando igual ao Faustão, perguntando se o cara tava bem, se queria ir no hospital, se ele tinha essa mania de pular com a bicicleta na frente dos carros. Essas coisas.
Falei até babar, e o cara nada de reagir. Ficou caladão durante todo o meu discurso. Tava até achando que o capote tinha feito ele perder a voz pra sempre. Comecei até a me remoer de culpa de novo.

Depois de longos minutos, o indivíduo resolve se manifestar. Olha bem o que ele me fala depois de toda expectativa, "tenho que parar de nadar nessa porra (de bicicleta) mesmo. Só nessa semana já caí duas vezes e quase fui atropelado por um ônibus."
Nessa hora eu não aguentei e ri desgraçadamente. Porra, era só TERÇA-FEIRA e já tinha acontecido tudo com o cara na semana. Malandragem ali reina, viu? Eu tive que falar "ah... espertão, então cê admite que o lerdo dessa história toda é você, né?" Aff...

Acho que minha tentativa de piada não foi tão bem aceita. Convenhamos, que humor mais fora de hora.

Aiai... depois daquela cena toda, chamei o cara pra ir lá pra minha casa. Sei lá, trocar uma idéia com a galera, fazer um curativo com a minha mãe, ver um jogo do Cruzeiro jogo com o meu pai, tomar uma sopa com a minha família, passar um Merthiolate (que não arde), consertar a bicicleta, essas coisas todas.

Isso tudo pro cara não me processar por tentativa de homicídio, lógico. Não sou tão legal assim. Que inocência a sua se pensou que eu era gente boa...

Depois que o cara foi embora, fui dar uma olhadinha no carro.
Eu tava lá todo lesado (como sempre) e de repente...
FILHO DA PUTA, O CARA FUDEU COM O MEU CAPÔ, QUEBROU MEU FAROL E DESAPARECEU COM A MINHA LANTERNA. TOMAR NO CUUU!! E EU CHAMANDO ESSE VIADO PRA TOMAR SOPA AINDA??
Fiquei lá pensando "caralho, por que esse cara foi cruzar meu caminho? Puta prejuízo! E agora, meu Deus? De onde que vou tirar dinheiro pra pagar essa porra toda? Aiai, minha mãe vai me matar."

Hum... eu devia ter anotado a placa da bicicleta dele. Acho justo ele me pagar. Porque se você pensar bem, ele que me atropelou... faz todo sentido.
cadê a justiça desse país?

Tirando meu desfalque de umas três centenas de real (reais, sei lá),tudo acabou bem. Parece que o cara sobreviveu e nem chamou a polícia pra mim. Também nem chamei a polícia pra ele (embora devesse).

Ahh... e fim de história.

See you in another life, brothaaaa!
(Tá, também prefiro o Desmond fazendo isso. Foda-se também)

terça-feira, 6 de julho de 2010

A Saga da Injeção da Dona Sandra


Que Segunda-feira animada eu tive... fui levar a empregada da minha casa no médico.
Altas emoções... ô.

Cheguei do trabalho na hora do almoço e a dona Sandra com aquela carinha de quem foi atropelada por um trem. Tava lá com febre, enjôo, estômago embrulhando, dor de garganta, dor de coluna, dor de cabeça, dor de dente, dor de cabelo e mais todas as outras dores possíveis ao ser humano sentir. Uma expressão de refugiada libanesa, coitada.
Pois bem, depois do almoço minha mãe decidiu que eu devia parar tudo, cancelar todos os meus compromissos e levar a muié pro médico.

É importante dizer aqui que não tenho boas memórias de hospitais. Já estouraram uma verruga minha achando que era bicho de pé, enfiaram um ouriço acidentalmente no meu joelho, me deixaram cair da maca, confundiram minhas espinhas com sarampo quando eu tinha 11 anos, me deram injeção errada e por aí vai. Tenho sérios traumas de ambientes assim.
Mas fui lá acompanhar a doentinha de bom grado.

No caminho já foi um charme, toda hora era "ô Lucas, vai devagar com esse carro, criatura. Ai meu pai, vou morrer antes de chegar no dotô. Hum... preciso comprar queijo (????), vamo dá uma passada no Extra? Aquele Gabriel (filho dela) só me dá pobrema. Cê acredita que ele perdeu média de novo? Dessa vez até em religião. Além de burro, nem pro céu essa praga vai."
E lá foi eu escutando ladainha durante todo o trajeto. Hunf.

Chegando lá o tiozinho da secretária/portaria/guichê/primeira análise/mano que faz as fichas/sei lá cumé que chama essa porra, perguntou o que eu era da paciente. Respondi que não era nada, só amigo. Aí o cara falou algo fenomenal "olha, meu senhor, é aconselhável que o paciente esteja acompanhado de algum parente, de preferência filho, marido, irmão ou pais." PORRAAA, que história é essa? Se um amigo tiver um ataque cardíaco no meio da rua eu deixo ele lá morrendo e vou caçar o pai dele? Aiai.
Só depois de muita insistência, onde eu tive que dar quase uma palestra pro cara de tanto que falei, ele liberou um atendimento.

Descobri que a Sandra tinha medinho de hospital, pediu que eu entrasse lá no consultório com ela. Como sou muito solicito parei, de ler a revistinha da Turma da Mônica e fui lá.
Teve todo aquele conversê chato, que vou poupar aqui, ainda mais que toda hora eu dava uma pescada e caía no sono, teve uma vez lá que até sonhei, rapaz.

Okay... depois de quarenta minutos de conversa, exames práticos, ter feito a pobre abrir 50 vezes a boca, o Dr. Rodolfo (sim, Rodolfo o nome do sujeito) estava (quase) pronto pra dar o diagnóstico.

"Olha, pode ser ou sinusite, ou dengue, ou cansaço físico e emocional causado por (e)stress, ou um mal-estar passageiro por algo que você comeu, ou uma febre, ou até mesmo uma gripizinha. Mas o certo mesmo é que sua garganta está muito inflamada."

UAU!! SENSACIONAL! ISSO SIM É UM MÉDICO DE VERDADE
Na moral, quase que nessa fala do Rodolfão eu caí da cadeira e falei "sabia. Sabia que não ia adiantar merda nenhuma vindo aqui. Esses caras tão de sacanagem." Puta que pariu, o cara estudou 10 LONGOS ANOS da vida pra falar um monte de coisas que eu falei lá na minha casa. Pior, fiz meu diagnóstico perguntando uma única coisa, o chegado pergunto umas mil e fez um monte de examizinho prático. Não precisei de nada disso pra falar da minha residência há duas horas, exatamente a mesma coisa que o bonitão falou. Na boa, onde pego meu diploma de médico?

Pra fuder com tudo a Sandra resolve falar "mas gripe?? tô com Gripe Suína? Ai, Jesus".

Pronto! Ao invés do cara simplesmente falar "não, dona", resolveu logo dar uma aula sobre o novo vírus H1N1, sobre a Influenza e por aí vai. Tipo "ó gente, não tenho que atender mais ninguém hoje mesmo, vou bater um papo-cabeça com essa moçada descolada aqui."
O cara além de falar até babar, me dar uns folhetos e mais sei lá o quê, perguntou se a gente tava com pressa. Antes d'eu poder abrir a boca e falar "sim, estamos com pressa pra caralho, fi. Tem gente nesse Brasil que trabalha de verdade". A Sandra chegou antes "que nadaa, dotô. Tamo por conta, já até me servi do cafézinho e dos biscoitos." Perfeito. Tudo que o Doutor da Alegria queria.
Aí ele passou um vídeo educativo sobre a porra da Gripe Suína, que nessa altura não sei mais se essa merda chama Alianza, H1N1 ou sei lá que bosta. Detalhe: o 'videozinho' tinha simplesmente 28 MINUTOS!

Perdi totalmente a vontade de ser simpático nessa hora. Chutei o balde mesmo. Escorei a cabeça na cama do escritório e puxei um ronco violento, até babei. E no final o cara ainda veio me dar uma lição de moral "esses jovens, sempre acham que não tem que aprender sobre saúde. Pensam que nada de errado pode acontecer a eles. Sim, a velha arrogância e prepotência da juventude."
Sério, se eu não tivesse com um biscoito Maria Maizena na boca eu mandava esse cara tomar no meio do cuzinho dele.

Quando achava que já tinha dado tudo, que era só levantar e ir pra casa, o doctor teve outra idéia brilhante "Sandra, acho que vou mandar você tomar uma benzetacil pra tentar curar sua garganta." Pronto, mais uma discussão de meia hora. A muié querendo saber se ia doer (claro que ia doer, benzetacil é a pior das injeções) , onde era aplicado, ficou falando que tinha medo e blá, blá, blá.
Finalmente deixou de ser menininha, criou coragem e foi lá tomar o coco do trem. Dessa vez fiquei do lado de fora, a injeção ia ser aplicada na nádega, e depois disso tudo a última coisa que eu queria ver era minha empregada com a bunda de fora.
Formou-se um comitê pra aplicar a injeção. Na hora que mandaram ver ouviu-se um grito que o hospital todo escutou, o chão tremou e até o céu mudou de cor. Parecia que o mundo tava acabando.
Depois disso fui lá ver a situação. a Sandra virou pra mim e falou "ai, meu filho, me acode, me acodeee que Deus tá me levando embora. Ai, minha virgem Santa, roga por mim que eu tô indo. Tô indo pra casa do pai." Puta drama, viu?

Tá, eu sei que essa porra dói pra caralho, mas precisa? Precisa de tanto?
Também já tomei benzetacil na bundinha (hum... essa frase soou muito gay, né?) quando era criança, doeu pra cacete. Mas como bom machinho aguentei sem chorar (muito), cumé que uma muié vivida e experiente não consegue aguentar firme também? Pffff...