terça-feira, 27 de julho de 2010

É Uma Ciladaa, Binoo!

Porra... saudades de postar por aqui (que gay, né?). Como eu disse passei um tempo aí viajando com meu pai, por isso estaria meio ausente.

Ia até por uma foto minha dirigindo carreta, mas a merda do cabo da câmera simplesmente criou asas e voou. Então vai ser essa foto do Bino mesmo, já que eu tava me sentindo o próprio, ainda mais que eu tava usando uma boina.


Okay, eu sabia que essa viagem ia render pelo menos uma história pra contar, já falei sobre meu pai e a carreta dele, lembram? Se você acompanha o blog sabe do que eu tô falando.

Bem, partimos pra nossa aventura no Domingo passado com destino a pacata Janaúba, com escala na gloriosa Curvelo . Uau! Que roteiro! De ínicio você já pensa "que merda, hein?!". Pois é, que merda. Foi o mesmo que eu pensei.
Ahh... antes que me esqueça, a carreta estava carregada de postes para o programa "Luz para Todos" do governo estadual. Meu pai ajudando Minas Gerais a crescer (ou não).

Fora o fato do meu pai ficar soltando umas bifas cabulosas dentro da carreta e vir falar com a cara mais lavada de todas "malz aê, tô com intestino meio ruim", tava tudo indo bem. Porque ele nem precisava comentar que o sistema digestivo (ou digestório, se prefirir) não tava 100% legal, porque funcionando beleza eu sei que não tava. Aliás, a quilômetros se notava isso. Mas como disse, no geral as coisas caminhavam na mais perfeita ordem durante a viagem.

Mas como nada na minha vida pode ser muito certo, logo as cagadas começaram a aparecer. Chegando em Curvelo, perto das 11 da noite, resolvemos pedir informação pra achar a firma que iríamos deixar os benditos postes.
Meu pai vê uma "moça" pela rua e pergunta se ela sabe onde é o lugar, uma tal de empresa ETEC. Quando a gatinha chega perto e abre a boca, parece que saiu o Júnior Baiano de dentro dela "oiiii, gatão, querendo curtir a noite?" Sim, era um travecão querendo fazer o meu pai.
Ele explicou que não era nada daquilo, né? Tava lá só levando uns postes e blá blá blá. Mas o traveco não tirava o olho dele, até que ela (ele, sei lá) falou "Zé Aristides, que que ocê tá fazendo aqui diabo? Saudades docê! Me dá um beijo aqui." E já tentou dar um gogó no meu pai, sorte que a bitoca não encaixou.
Hum... ainda bem que o nome do meu pai não é Zé Aristides, se o traveco acerta o nome dele eu juro que desço e volto andando 200km a pé pra minha casa.

Pois bem, depois do incidente, continuamos o caminho, e combinamos que só iríamos pedir informação pra uma pessoa normal. Andamos, andamos até encontrar um cara que aparentemente não ia fazer nenhuma loucura.
Todo simpático cheguei lá e falei "opaa, gente boa, beleza? Aqui, cumé que eu faço pra ir na empresa ETEC, hein?" E o cara respondeu "hum-hum" QUEE?? Como assim? Tudo que eu falava o cara falava "hum-hum". Porra, tava achando que o filho da puta tava fazendo mó hora com a minha cara, tô lá quase descendo da carreta e tirando satisfação com o sujeito, ainda mais que vi que ele tava com uma long neck de Skol na mão e tava com o andar meio cambaleante. Mas aí finalmente percebi que o cara era mudo. Puta que pariu.

Qual é a chance de você tá numa cidade pequena, as 11 da noite e pedir informação pra um traveco que acha que te conhece e depois pra um cara mudo meio bêbado? Só comigo mesmo.
Depois disso a gente decidiu ir no instinto, num iríamos pedir ajuda pra mais ninguém. Oh yeah! Conclusão: ficamos andando em círculos e só achamos a bosta do lugar depois de meia-noite.

Fomos dormir então. Pra quem não sabe, carretas têm cama, dorme-se lá mesmo. Mas acontece que tem somente uma caminha, pra dormir uma pessoa, ou um casal. Eu não ia deitar com o meu pai no meu cangote, né? O coitado aqui teve que dormir no chão. entre os bancos, a marcha e o painel. Tive que ficar todo dobrado. Caralho, acordei todo moído, se eu tivesse dormido em pé, encostado numa parede ia ser mais confortável.

No dia seguinte fomos pra Janaúba. Que maravilha! A Cidade das Bicicletas. Realmente, tem mais bicicleta que gente lá. Meu pai foi lá descarregar o resto dos postes (alguns ficaram em Curvelo) e pediu pra mim ir no Banco Itaú tirar um money. Hum... perguntei pros nativos onde ficava o banco, me informaram bem e talz, mas falaram que tinha que pegar busão, porque era longe pra caralho.
Ignorei os conselhos e resolvi ir caminhando mesmo, olha que estupidez. Pensei "cidade pequena, rapidinho eu tô lá, devo andar no máximo 15 minutos", que inocência a minha. A porra do banco era longe, longe, mas muito longe mesmo. Mas pra mim era questão de honra chegar por meus próprios pés. E assim foi. Na verdade não cheguei só com a força das pernas, no final tava usando até as mãos pra rastejar, mas o importante é que eu cheguei.
Fui lá, tirei a graninha e já tava decidido a voltar de moto táxi. Mas aí tava atravessando a rua distraídamente, quando veio do inferno um cara com uma das 20 mil bicicletas existentes na cidade e PÁ, fui jogado pro alto. Puta merda. Acertou bonito a minha coluna, achei que não ia conseguir levantar nunca mais.
O lado bom foi que voltei o caminho todo de ambulância. ÊÊÊÊÊ !!!
Meu pai, claro, não mostrou nenhuma pena, só disse "como você é pateta, menino. Nem parece que é meu filho." Apoio familiar é algo muito importante.

Voltando pra estrada, já era de noite, fomos em direção a João Pinheiro. Meu pai já tava cansado e queria que eu dirigisse. Que folgado. Aí ele começou a querer brincar "liga a luz alta, desliga a luz alta... liga a luz alta, deliga a luz alta..." E assim foi o tempo todo, até num momento que não quis sair da luz alta nunca mais. Caralho, e agora? Fiquei jogando luz alta na cara de todo mundo até achar um posto. Como não ia achar eletricista mesmo, a gente resolveu jantar e dormir por lá mesmo.

Opaa, janta... fui lá jantar e ver TV no restaurante do posto, como meu pai tava morrendo, foi dormir. Tava lá vendo um X-Men, com pena do Professor Xavier, essas coisas legais. Até que surge um cara e fala comigo "tá vendo isso aí? X-Men! Sabe o que é isso? O futuro! Você pode achar que eu sou maluco, mas já tá acontecendo. O futuro nosso é ser mutate." PARA TUDOO, CALMA AÊ! Que história é essa?? Daqui a pouco então vão surgir umas garras de metal no meu braço? Vou sair por aí cuspindo fogo e gelo nos outros? Eu, hein!?
E o cara não parava, depois ele completou "pode olhar. A Alemanha já tá aí de novo, segunda potência mundial. Igual a esse Magneto que é o segundo mutante mais forte." ??????????? Carai, eu num tava entendendo mais nada do que aquele cara tava falando. Assisti o resto do filme calado e saí vazado pro meu lar.

O resto do outro dia foi quase normal, Só tiveram dois momentos tensos. O primeiro foi meu pai me acordando pra ver a travessia do rio São Francisco. Porra, vai se fuder. Tava morrendo de sono, foda-se o rio São Francisco, num tô afim de ver água.
O outro momento ruim aconteceu na hora do almoço. O dono do restaurante cismou que queria que eu casasse com a filha dele e trouxesse ela pra morar comigo em Belo Horizonte. Pfff...

A noite fui dormir numa cidade que chama Urucuia (Urucaia, Araucária, um negócio assim, num lembro direito. Foda-se também). Como a cidade era bem pequena e aparentemente tranquila, meu pai falou assim "pega seu colchão e vai dormir lá naquela varanda da secretária do posto." Pensei "que merda que meu pai tá falando?" Mas fui lá, né?! Dormir no relento. Achei que jamais teria que dormir na rua se eu e meus pais tivessem emprego, pelo visto estava enganado.
Lá no posto tinha um outro caminhão cheio de cara dormindo em cima, olhei aquilo ali sem dar importância e fui lá arrumar meu cafofo na varandinha.

Aí foi o pior, tava lá dormindo até babando no meu travesseiro, quando alguém me cutuca (me chuta na verdade) no meio da noite, acordei todo lesado tentando entender aquilo tudo. Com o olho todo cheio de remela vejo alguém estender a mão pra mim e falar "vamo embora, companheiro. A luta continua". Pensei "porra, devo tá sonhando. Que que tá acontecendo?" Mas infelizmente já tava bem acordado, não era sonho.
O sujeito continuou "Vamo, já são 4:30 da manhã, o caminhão já tá partindo", respondi "cara, eu nem te conheço, deixa eu dormir." Nisso o maluco falou "uai, cê num tá com os bóia-fria não?".
Aahhh... TOMAR NO CU! O cara tá doidão?! Olha a minha cara de bóia-fria. Na verdade eu tenho uma cara de trabalhador rural. Mas porra, que palhaçada é essa? Hunf!

No raiar do dia, acordando de verdade, fomos pra grande aventura da viagem, 80km de estrada de terra até chegar em... PINTÓPOLIS! É isso aí! Pintópolis. Que beleza! Pintópolis é um lugar longe. Fato. Não direi que é um lugar onde Judas perdeu as botas, porque ele com certeza não perdeu nada lá, simplesmente ele nunca foi nesse lugar. Judas não é bobo como eu pra ir em Pintópolis.
Pior que eu passei o dia inteiro na cidade e nenhum morador foi com a minha cara, só porque eu errava o nome da merda do lugar toda hora, chamava de Pintolândia, Penislândia, Caralhópolis, enfim... só não falava o nome certo.
Sabe o que Pintópolis tem de legal? Absolutamente nada! Tem um Cristo Redendor e mato pra todos os lados, tirando isso tem uma sorveteria e uma lan house onde a galera antenada se encontra e uma casa de forró pro povo farrear nos fins de semana. E só, isso é tudo!
Na volta de Pintópolis para regressar à João Pinheiro foi ainda pior, na ida demoramos três horas pra percorrer 80km de terra pra chegar até lá, na volta demoramos longas QUATRO HORAS pra andar os mesmos 80km. Isso porque nesse tipo de estrada a carreta quando tá vazia é mais instável e tem que andar a 20km/h. Que bacana!

Paramos numa cidade que se chama Riachinho pra ver o jogo do Galão. Que bom que o Atlético pelo menos me diverte e sempre garante placares adversos, ao contrário do Cruzeiro que não tem me dado alegria nenhuma ultimamente. Mas felicidade mesmo foi o preço da cerveja: 2,50 Skol e Brahma, hahaha tem uns cincos anos que não vejo cerveja desse preço.
Depois do jogo, pé na estrada outra vez. Meu pai foi dirigindo, já que eu bebi, afinal somos pelo menos um pouco conscientes. Passamos em uns lugares misteriosos pra chegar em João pinheiro, pra evitar blitz. Meu pai é tipo eu, odeia ver polícia. Não sei porque, mas temos um certo complexo de agir tipo bandido quando o negócio envolve a Polícia Rodoviária.

No dia seguinte fui tomar café no mesmo restaurante no qual o dono queria me casar com a filha. E ele veio me encher com essa história de novo. Puta cara chato, tive que falar que já era casado e pai de 2 meninos pra ele me deixar quieto. Que papo mais bravo.

Já tava cansado, tinha andado por terras distantes, que não tinham porra nenhuma de legal pra fazer. E pro meu desespero meu pai arrumou uma carga pra Montes Claros, totalmente no sentido oposto de BH.
Decidi que já era hora de voltar pra casa. O fato é que eu não queria e nem podia ficar mais naquela vida. Tinha que voltar pra a fazer matrícula do semestre pra continuar tendo o direito de frequentar a minha faculdade. Aiai.

Como sou pão-duro e não curto essa parada de gastar dinheiro, ao invés de pegar um ônibus, pedi carona pra um carreteiro conhecido do meu pai que ia vir pra Belo Horizonte. Como sou malandro.
O foda é que o cara era fã de sertanejo. Então voltei vendo os DVDs do Bruno e Marrone, um tal de Marcelinho de Lima e Camargo que eu nem sabia que existia, tinha também Ví(c)tor e Léo , Jorge e Matheus.
Como foram 7 horas de viagem, porque o corno toda hora parava na estrada pra bater papo com outros viadinhos que não tinham nada pra fazer, escutei também o DVD desse tal de Luan Santana só três vezes. Caralho!
E o cara dirigia pra dar emoção ao passageiro. Era cada golpe cabuloso que comecei até a escrever meu testamento. "Bem... minhas figurinhas do Pokemón vão pro meu primo Joaquim. Meu meião laranja fica com meu pai. Humm... acho que não tenho mais nada de valioso."

E já tá bom. Cheguei em casa vivo. Isso que importa. Esse post já tá muito grande. Se lembrar de mais algum ocorrido conto depois.
Foi bom "rever" vocês.

Adeus!

7 comentários:

  1. kkkkkk...Caraca que história hein, quando vc falou do x-men me lembrei de um fato que ocorreu há algum tempo atrás.

    Tipo, eu esperando o onibus pra voltar pra casa, (detalhe eu tinha umas mechas brancas no cabelo, tipo a vampira mesmo do x-men), ai me vem um ser humano, olha bem no meio da minha cara e fala, ou melhor grita: OS MUTANTES JÁ ESTÃO CHEGANDO, MEU DEUSSSSSSSSSSSSS, OLHA LÁ A VAMPIRA (tipo, todo mundo paro pra olhar pra mim, e eu fiquei sem saber onde enfiar minha cara)

    quando tava lendo seu post pensei "Ainda bem que isso nao acontece só comigo"

    kkkk, muito bom cara

    Se puder dá uma passada lá no meu blog

    http://reflexo-da-alma.blogspot.com

    abraços, m!sunderstood

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  2. Meu deusu
    Que históoooriaaa

    Uma forma bem masculina de contar né... rs
    bjks

    www.penadeprata.blogspot.com

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  3. Ow Lucas, gay mesmo é vc ir à Pintopolis e querer se divertir! Que ideia é essa meu filho?! hauhauhauhauhauha

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  4. EAHEHEAHEHEAHAEAHE

    Bem escrito e com um humor inteligente

    Visite o nosso tbm
    www.ahistoriacomoelafoi.zip.net

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  5. Nossa eu ri horrores com essa história ma deve ter sido divertida...

    Gostei demasiadamente do blog.

    Parabéns

    Beijos

    ;*
    http://livrosdelirios.blogspot.com/

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  6. AUHHUAHUAHUA
    Muito bom isso..
    rachei!


    http://tafaltandoar.blogspot.com/

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  7. Justo o que eu procurava sobre guarda corpo bh. Obrigado!

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