sábado, 17 de abril de 2010

Simples: Ônibus!


Tem coisas na vida que já começam completamente erradas, pegar ônibus com certeza é uma dessas coisas.

Tudo começa bem antes de se entrar no ônibus. Vamos ao contexto da situação:

Você tá lá no centro da cidade, cansado da vida, só querendo voltar pra casa, abraçar seus pais e rever seu cachorro. Todavia, no caminho entre a porta do trabalho/faculdade/escola e o ponto de ônibus existe uma verdadeira saga a ser enfrentada. Conviver com aquele povo bonito e simpático que fica aos gritos na rua:
  • "compro ouro, avaliação é grátis"
  • "celular: compra, vende, troca, conserta e desbloqueia seu aparelho"
  • "dentista! orçamento sem compromisso, dentista"
  • "vem fazer o cartão do Ibi, jovem. Seu crédito é aprovado na hora"
  • "cortar cabelo é 2, escovar é três, salão"
E quando o cabelinho tá um pouco grande então? Uma vez eu passei um tempo sem dar um tapa no telhado, aí era impressionante, toda hora tinha alguém atrás de mim, berrando com toda força do fundo da alma: "COOOORRTAAARR CAAAABEEELOOO ÉÉÉ DOOOIISSS, EEEESSCOOOVAAARR ÉÉÉÉ TRÊÊÊÊÊSSS, SAAALÃÃÃÕOO". Porra, que coisa mais chata!

Hum... depois da longa jornada, chega-se ao ponto de ônibus.
Aiai, aquele calor de 35°C, sensação térmica de 82, no mínimo. aquela muvuca no ponto. Não entendo qual é a dificuldade da rapaziada em fazer uma fila e ficar todo mundo esperando o transporte público civilizadamente. Nããããoo, ninguém curte ser civilizado nessa vida. Aquela densidade de 16000 hab/m², busu sempre atrasado. O incrível é que se não tá batendo um Sol do Deserto do Atacama, tá caindo um dilúvio igual ao da Arca de Noé.

Eis que o ônibus surge. AÊÊÊÊÊ!! Só que nessa hora acontece a coisa mais sem explicação. Acho que a moçada fica muito feliz que o 3503 (o ônibus que eu pego) tá chegando e sai correndo atrás dele. Sabe aquela cena de filme, onde o casalzinho se vê na praia e vai um correndo em direção ao outro pra se encontrarem logo? Pois é, rola mais ou menos isso quando o 3503 resolve aparecer. É uma felicidade só.
Assim dá-se início aquele movimento de massa. O ônibus parado no congestionamento há uns dois quarteirões de distância e a negada correndo loucamente atrás dele.

Diante disso tudo eu me pergunto: Por que? Por que? POR QUE? POR QUE, MEU DEUS?

Aí vem aquele bonde humano, aquelas 7 mil pessoas se amontoam na porta do busão. Todo mundo batendo em todo mundo. É inacreditável como as tiazonas sempre tão armadas de guarda-chuvas pra desferir golpes na gente. O que eu não entendo é que mesmo com o Sol rachando e a umidade relativa do ar em 2% essas muié tão carregando essa porra de guarda-chuva pra descer o cacete nos outros. Toda hora é "dá espaço, menino!" e PAF, toma uma guarda-chuvada bem dada na costela.

Depois de rápidos 40 minutos pra todo mundo entrar no ônibus finalmente o motorista consegue fechar a porta. Acho que demora tanto pra por a galera pra dentro porque os filhos da puta dos usuários ficam lá empacando na roleta. Qual é a graça que esse povo vê em ficar perto da roleta e fuder a passagem de todo mundo? Das duas, uma: ou tem um pote de ouro escondido em algum lugar perto do cobrador, ou esse cara deve ser mais legal que o Gugu Liberato, pra todo mundo querer ficar perto dele. Não é possível.

Quando consegue-se transpor as barreiras iniciais e chegar na parte de trás do ônibus, você se dá conta do quão sua vida é fudida. Então surge uma questão simples: Por que as pessoas não sabem se comportar?
Você lá com a mochila pensando 80kg, com a cabeça debaixo do suvaco de um peão fedorento com medidas 2 x 2m e que não te deixa respirar. Todo torto e sem espaço sua mochila acaba encostando de leve num corno(a) que tá lá confortavelmente sentado(a), e que dá um chilique monstro por causa de uma esbarradinha.
Dá vontade de falar o quê? "Escuta aqui, seu(a) filho(a) da puta de merda, se essa porra de mochila tá encostando aí, é porque você não tem a menor noção do que é educação e não se oferece pra segurar a bolsa de quem tá em pé. Agora para de olhar pra mim e fica calado, se não eu vou te jogar pela janela e comer sua mãe." Hunf... E pra fechar ainda dar um tapa na oreia do sujeito.

Pra acabar com todas as esperanças de chegar em casa de bom humor, começa a surgir um funk ou um rap do último banco do ônibus. Obviamente o som vem dum celular de um mano e obviamente o volume tá no talo.
Como assim? Como o cara é doente a esse ponto? Isso não é simplesmente falta de respeito, isso é falta de cérebro mesmo. Dá vontade de chegar pra esse cara e mandar ele tomar bem no centro do orifício do olho do cu dele e enfiar esse cacete de celular no mesmo lugar citado anteriormente. Mas como eu tenho amor a vida, vou escutando o Jay-z, Racionais Mc's e outros grandes nomes da música mundial, caladinho mesmo.

3 comentários:

  1. Ow véio, por este angulo SP = BH... cheguei a pensar que vc passou uma semana por aqui pegando bus por volta das 18 hs!!!

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  2. Assim caminha anda o busão
    Leva consigo a multidão
    O povo dorme entorpecido
    Pelo molejo do busão
    A vida fica pelo caminho
    Fúnebre embaixa do busão
    O povo se amontua como um gado
    e segue resignado os olhos sem sair do chão.

    "Assim caminha o busão, Flicts"

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